sábado, 7 de julho de 2018

Sonho nº 13 - Do cacto e do vento



Havia um cacto no balcão da minha sala, e lembro que ele tinha algo de diferente. Foi então que olhei bem, e eu não estava mais na sala de casa. Era um lugar árido, com uma especie de palco de madeira. O cacto continuava lá, numa mesa de madeira que era uma extensão do palco. Alguém naquele lugar, apesar de eu não ver o rosto, me dizia que eu deveria segurar o vaso do cacto, e não o deixar ser levado pela ventania. Isso aconteceria uma semana sim, uma não.
A ventania veio, então segurei o cacto. Aquilo parecia difícil, não se podia ver nada. Parecia mais uma tempestade de areia, pois o vento era muito pesado.
Quando aquilo finalmente passou, me senti aliviada.
Duas semanas depois, era hora de eu fazer aquilo novamente. Fui até a mesa de madeira, e segurei o cacto. Nesse momento, eu me lamentava não poder fazer isso toda semana. Não deixei o cacto ser levado, e a pessoa me parabenizou por isso. Cada vez mais, eu ficava melhor naquilo.
Há quanto tempo eu estava ali, apenas pelo cacto? Minha vida havia se tornado apenas uma grande espera.
Um certo dia, ao não deixar o vento arrastar o cacto, me senti diferente. Não havia mais dificuldade nenhuma. Eu estava confiante, ou mais do que isso. Talvez eu estivesse obcecada.
Quando o vento cessou, então, eu pude ver um rosto. A pessoa que me instruía. Ela olhava com um olhar confiante ao extremo, quase assustador. Ela era o meu reflexo, ela era eu mesma. E o pior, é que eu gostava disso.