segunda-feira, 6 de março de 2017

Os 7 contos - A História de Amor (Parte IV)


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Os alimentos e bebidas que eles possuíam assim como o coletado em sua última parada ainda eram suficientes para mais alguns dias, o príncipe Joseph V que comandava a busca ordenou que todos os homens pegassem apenas seus tapetes de palha da costa pra se deitarem, para economizar tempo e comentou que ali o clima era bem quente também, mas fez a ressalva que ninguém se desarmasse. Enquanto Sir. Jullyus montava a fogueira, Sir. Kyrlay fazia a ronda e os príncipes em conjunto aos outros cavaleiros preparavam a janta ouviram um grito que parecia ser de uma criança em apuros.

Joseph IV e alguns homens rapidamente tiraram suas espadas das bainhas e foi quando Sir. Thomaz aproximou-se e falou para guardarem suas armas porque eles estavam no penhasco do matador, um cavaleiro que era conhecido pelas suas habilidosas técnicas de batalhas e não por sua inteligência falou: - Ué, não é só porque estamos num lugar que se chama matador que vamos deixar matarem uma criança. Sir. Thomaz riu e falou que eles iriam fazer uma busca à toa e se desgastarem por nada.

Desta vez Joseph IV se ofendeu e perguntou como ele podia dizer que a vida de uma criança não significava nada, afirmando em seguida que muito pelo contrário, então Sir. Thomaz se explicou melhor: - Caros amigos, este lugar ganhou este nome por uma razão da qual lhes garanto que não foi por parecer-se um deserto. Sir. Thamberry então gritou: - Vai começar outra ladainha! E Sir. Craserfith respondeu: - Cale a boca homem e deixe o sábio falar! Partindo pra cima do mesmo.

Os príncipes exigiram que parassem com a discussão e ouvissem o que Sir. Thomaz tinha a contar sobre o lugar, ele então prosseguiu contando a história de um antigo Lord que enlouqueceu por beber uma poção chamada de gota de Michel no lugar do rei ao pegar o copo por engano. O homem que se chamava Lord Dulce Goldbrain então passou a raptar meninas ainda na flor da idade e abusar delas nesse penhasco as matando em seguida e se alimentando delas por dias até que ninguém mais buscasse pela jovem.

Sir. Craserfith ficou horrorizado com aquela história toda e fez duas perguntas seguidas: - Então queres dizer que os gritos eram do fantasma de alguém? E se houveram tantas vítimas quanto parece vamos voltar a ouvir e como poderemos dormir? Sir. Thomaz então respondeu: - Oh meu caro, existe uma lenda que se deixares acesa uma vela na ponta do desfiladeiro e nove homens juntos fizerem uma prece em nome de cada Deus e Deusa essas almas se acalmam para que estes então descansem e prossigam viagem, mas tem um porem que se quem aqui acampar nada fizer e ignorar um destes espíritos a de lhe acompanhar.

Príncipe Joseph V imediatamente pegou uma vela na sua mala de viajem e pediu para que oito homens o acompanhassem em nome dos nove Deuses que cultuavam em sua terra e fizeram seus votos para se tornarem cavaleiros da realeza se juntassem para orar e pedir que tivessem paz e nada os seguisse depois

Os Sirs.: Thomaz, Craserfith, Kyrlay, Jullyus, Drackiry, Thamberry, Hollarius e Gabriells se juntaram ao príncipe e foram até a ponta mais íngreme do desfiladeiro, parecia meio inseguro todos seguirem até onde os pés poderiam alcançar e os mesmos ajoelharam formando uma corrente, Joseph prosseguiu indo ascender à vela sobre a pedra que dava direto no penhasco gigantesco que cercava quase que toda frente do lugar.

A lua que já era grande o suficiente para iluminar o céu na companhia das estrelas refletia a sombra dos homens ali reunidos e os que ficaram apenas observando puderam ver uma linda imagem na qual após ascender o pavio da vela Joseph V então iniciou a oração: - Em nome dos nove eu peço que essas almas tranquilizem-se e encontrem a luz que buscam, imploro ao Deus Mortaça que leve essas almas a seu local de descanso.

Sir. Thomaz continuou: - Ao Deus Emergente imploro que assim como vós emergiu do mar possa essas almas ajudar ao céu chegar. Então foi a vez de Sir. Craserfith: - Ao Deus Cromo eu peço que atrás de seu aço possamos encontrar a segurança e proteção de nosso corpo físico. Sir. Kyrlay prosseguiu: - A Temisa Deusa da Luxuria imploro que perdoe a mesma do malfeitor dessas pobres almas. Lá era uma espécie de deserto que antes fora um belíssimo bosque no qual Cairan um dragão negro ateou fogo e nunca mais nascera nenhuma vida, e sem explicação alguma a chuva nunca mais caiu no local.

O tempo que há décadas fora conhecido pelo seu calor anormal que diziam ser exalado das rochas que ainda permaneciam em brasa sob a terra com o fogo e nem a neve era capaz de ali permanecer começou a mudar, o frio tomou conta do lugar. Sir. Jullyus deu continuidade: - Peço do fundo de meu coração a Decaris o Deus da fartura da colheita que essa terra volte a prosperar. E Sir. Drackiry completou: - Que seu irmão Frisay o Deus do ouro faça que dessas terras os homens possam voltar a usufruir e enriquecer.

Naquele momento em que suas suplicas praticamente chegavam ao fim uma ventania tomou conta do desfiladeiro, os fantasmas daquelas garotas então pareciam formar um coral no qual elas em conjunto grunhiam cada vez num tom mais alto apoderando-se do silêncio e tornando o local mais macabro que já era. Gotas de chuva começaram a cair dos céus como se fossem lágrimas daqueles lamentos e todos ali presentes se arrepiavam por completo.

Sir. Thamberry que estava se borrando de medo clamou gaguejando: - Lótur Deus do Sol que nos mantém vivos faça com que ele mantenha a vida nesse lugar na manhã seguinte. Todos não faziam a mínima ideia do que podia estar acontecendo, alguns acreditavam que podiam estar até mesmo presenciando o fim do mundo. Sir. Hollarius não podia parar faltando apenas duas partes para tudo acabar e a tempestade tomou conta de tudo quando ele suplicou: - Oh Belladonna Deusa da compaixão traga-a de dentro do seu coração para com esses homens que suplicam a vós.

Todos que até então estavam de pé a observar se juntaram e abraçaram-se para que o vento não os levasse, os que estavam ajoelhados no chão seguravam firme a mão um do outro e Joseph que estava na ponta do desfiladeiro não tinha nada a fazer a não ser esperar que aquilo acabasse e ele não fosse lançado penhasco a baixo. Sir. Gabriells temia que ao encerrar a suplica tudo que eles conheciam se acabasse, mas mesmo assim o fez porque uma vez que algo estava começado tinha de terminar.

Era de longe a pior tempestade que aqueles homens já haviam enfrentado, em meio à água começou a cair neve do céu, e não em todo reino, apenas no desfiladeiro do matador como podia se observar a quilômetros dali e então as palavras de Sir. Gabriells saíram mais altas que todos antes haviam proclamado: - Sécumo Deus das famílias eu lhe imploro que todos possamos retornar para o encontro de nossas assim como essas almas de vossas.

Um raio caiu em meio à nevasca sobre a vela que não se apagou de forma alguma durante toda aquela mudança climática e a dissipou, Joseph V só teve tempo de tapar a face para que o clarão não o cegasse, a neve cessou assim como os ventos, todos se levantaram e correram para se juntar aos seus outros companheiros.

Todos deram um caloroso abraço em grupo e logo após sentaram-se sob a neve que cobria até suas canelas, Joseph IV abraçou seu irmão e o beijou, o mesmo observou que a neve parecia estar derretendo. Todos levantaram e subiram sobre seus cavalos, os nove que proclamaram a oração estavam cansados como se tivessem esgotado suas forças.

A neve que ia aos poucos diminuindo e escoando pelo penhasco ao desaparecer revelou uma grama tão verde como nunca vista e flores, muitas e diversas flores cobriam o chão que antes era só areia e terra seca, e o que antes era um penhasco transformou-se num rio, o primeiro a saltar de sua cela foi Joseph V que ao se aproximar do rio pode ver peixes ali nadando sem explicação alguma.

Dentre as árvores que cercavam o lugar foi se aproximando um senhor com aspecto de mago, com vestes que eram praticamente trapos, descalço, com um capuz que lhe cobria a cabeça e deixava apenas sua longa barba branca amostra foi em direção ao príncipe que olhava o rio, nenhum dos homens ousou descer de seus cavalos e o senhor pegou no ombro de Joseph que se assustou e virou-se.

Ele falou ao jovem que muitas súplicas foram feitas por séculos naquele lugar antes amaldiçoado pelos Deuses, mas que estes homens que ali se encontravam a fizeram com o coração e a alma assim conseguindo a atenção dos Deuses e sua piedade para que a vida voltasse ao Vale, tão bela quanto fora um dia, também libertando aquelas almas que penavam lá para o encontro da luz que mereciam.

Joseph V se emocionou e joelhou aos pés do senhor em meio às lágrimas, ele começou a brilhar tão forte como a luz do sol que tomava conta do novo dia e tirou uma espécie de faca do bolso colocando-a então sobre a cabeça do jovem e proclamando-o Senhor Do Vale das Fadas o qual dissera que foi o nome dali um dia.

O príncipe tentou olhar para o rosto do senhor que era praticamente luz naquele momento fazendo uma proteção para os olhos com suas mãos e disse: - Me sinto honrado, mas meu lar é um pouco longe daqui e não sei se darei conta de cuidar desse presente dos Deuses. O senhor riu e num estalar de dedos surgiu uma linda casa com moinho no Vale e ele então disse: - Joseph vós não foi escolhido ao acaso para libertar as trevas daqui, os Deuses sabem que seu sonho é viver com sua esposa e filhos sem ninguém para atrapalhar vossa felicidade.

Joseph V olhou para seus colegas voltando o olhar em seguida para o senhor e então fez um pedido: - Oh senhor que me deste tão belo presente, eu conheço alguém com maior anseio, meu irmão serias mais feliz com sua família longe de tudo aquilo que é apenas o que conhece no reino, suplico que dê para ele a oportunidade que renego e peço que entenda que os filhos dele mais necessitam de um bom lugar para viver que o meu que ainda nem veio a nascer.

O senhor passou a mão na cabeça do jovem e disse que mais uma vez admirava o altruísmo de alguém tão jovem, em seguida disse que se assim era do desejo do Senhor Do Vale das Fadas a casa seria do irmão, mas os cuidados do lugar estavam em suas mãos e então lhe entregou uma espécie de chave que brilhava mais que ouro e completou: - Eis o símbolo que a de ser para nunca se esquecer de vosso dever.

Ele ajudou o jovem a levantar e sua luz foi ficando mais forte até que desapareceu em meio a ela e nenhum homem conseguia acreditar no que seus olhos viam, naquele mesmo momento em que ele sumiu todo cansaço deles parecia ter sido levado e algumas cestas fartas de alimentos ficaram no local que antes ele se encontrava.

Joseph IV pulou o cavalo com alguns outros atrás dele, foi até o irmão e ele perguntou o que foi que houve, pois eles não haviam escutado nada fora a proclamação do irmão a Senhor Do Vale das Fadas. Joseph V abraçou o irmão e apontou para a casa com moinho, ele então contou ao irmão que agora era dele e sua família para que vivessem em paz longe daquela loucura onde a mulher dele vivia.

Ambos se abraçaram e Joseph IV chorou e disse ao irmão que ele não imaginava o quanto o mesmo era grato; logo em seguida todos trataram de encher seus estômagos e guardar o que sobrou de comida para prosseguirem viagem.

Selaram seus cavalos e partiram, só que dessa vez os homens e seus cavalos possuíram forças para viajarem por quatro dias sem descanso, apenas com pequenas paradas para alimentar-se e fazerem suas necessidades. Eles estavam então aos pés do penhasco de Juhdora, era um lugar tão mágico quando o Vale; havia pássaros e animais por todos os lados, cogumelos misteriosos, árvores que pareciam sair de contos de fadas e centenas de outras maravilhas como um riozinho que cortava o bosque aos pés do penhasco no qual estavam e era azul como safiras.

Faltando apenas dois dias para a Lua cheia eles montaram acampamento para esperar, porque os mesmos chegaram um dia antes do planejado graças a essa força da qual eles diziam que provavelmente ganharam dos Deuses. Sir. Thamberry brincou: - Qual é a história desse lugar Sir. Thomaz? E o mesmo respondeu em tom de brincadeira: - Ah meu caro se eu contar não será nada diferente das lendas que seus pais liam antes de você dormir.

Os cavaleiros riram e Sir. Craserfith falou: - Irmãos, vamos aproveitar o presente dos Deuses e descansar nesse belíssimo lugar antes da grande batalha com a bruxa começar. Todos sorriram e foram fazer suas coisas, Joseph V informou ao irmão que iria caminhar ao redor para reconhecer melhor o lugar que antes só tivera de passagem.

A tarde já chegava ao fim quando o príncipe sentiu o cheiro de sua amada e ao correr em seu encontro deparou-se com uma caverna da qual era tampada aparentemente por um desabamento de pedras da mesma e rosas iguais a que Laura deu para seu amado cobriam toda a frente dela, as flores se entrelaçavam entre si formando uma espécie de tecelagem. Quando Joseph tocou em uma delas para pegar ele furou o dedo e caiu desmaiado ao chão.

A noite chegara e Joseph IV sentiu que havia algo de errado dada a demora do irmão, ele então chamou alguns homens e foi em sua busca, após algumas horas cavalgando sob o luar avistou o irmão caído no chão e então foi até o mesmo. O príncipe desesperou-se ao ver o irmão desmaiado e gélido, aos gritos chamou pelos cavaleiros que vieram imediatamente e assim puderam levar Joseph V de volta ao acampamento.

Sir. Hollarius que era filho de um renomado médico buscou saber o que seria a causa do desmaio do jovem, que aparentemente não tinha caído do cavalo e que se encontrava como se estivesse num sono profundo, depois de algum tempo notou o espinho na mão dele e perguntou ao irmão se havia alguma planta venenosa no local. Joseph IV disse que no escuro não conseguiu observar nada, Sir. Thamberry que estava junto quando resgataram o príncipe contou que as únicas flores existentes no local onde ele foi encontrado eram rosas inofensivas que cobriam uma parede de pedras se trançando entre si.

Sir. Thomaz o conhecedor do sobrenatural, como seus companheiros passaram a lhe chamar, pediu que o levassem até essa parede coberta por rosas para que ele tirasse uma dúvida e Sir. Thamberry levou-o até lá, eles voltaram correndo e Sir. Thomaz disse que aquilo não era uma simples parede coberta por rosas.

Joseph IV questionou o que seria então e ele disse que certa vez buscou em um livro algo que quando ainda jovem ouvira um aldeão contar a outro, todos estavam curiosos e gritaram juntos: - Conta logo! E Sir. Thomaz prosseguiu explicando que lá era uma prisão de Lore a bruxa, e para afastar qualquer um de seu prisioneiro que se encontra lá dentro ela usou dum encantamento chamado Dormiles Virate, com toda certeza ele não matava, porque senão o aldeão jamais poderia ter contado sua história.

O príncipe sucessor perguntou o que tinham que fazer para acorda-lo ou quanto tempo aquilo iria durar e Sir. Thomaz disse que não fazia a menor ideia, Sir. Gabriells indagou-o: - Mas como que o aldeão acordou? O que foi que ele contou sobre essa parte? E Sir. Thomaz disse que ele contou que havia acordado na beira de um rio e viu uma moça loira saindo de cima dele, e por acaso esse rio era onde o riozinho que cortava o bosque terminava.

Foi quando Sir. Jullyus teve uma ideia brilhante de levar Joseph V até o riozinho e coloca-lo na água ou dar dela de beber para ele, eles levaram o príncipe até aquelas águas cor de safira e deitaram-no na beira do rio. Joseph IV ficou meio receoso de dar daquela água para o irmão beber e invés disso o deitou na parte rasa, quando a mão com o espinho tocou a água o mesmo saiu e junto saiu alguma espécie de veneno.
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