segunda-feira, 6 de março de 2017

Os 7 contos - A História de Amor (Parte XII)


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Eram aplausos e assovios que não acabavam mais, as pessoas jogavam arroz e pétalas de rosas vermelhas sobre os noivos enquanto eles caminhavam de braços dados sob um lindo e longo arco de enfeite com rosas em meio às folhas que fazia toda cobertura do caminho com o tapete vermelho até a carruagem.

Joseph pegou Laura carinhosamente e cuidadosamente no colo antes de entrar na carruagem, colocou-a lá dentro em seguida e após entrar junto dela ambos apareceram na janela e acenaram para as pessoas que saudavam por seu casamento.

Enquanto o casal aproveitava a longa viagem ao campo à festa comia solta no reino, o rei se embebedou completamente junto dos amigos, os mesmos o jogava no ar e cantavam. A rainha fez questão de ir conhecer a esposa de seu falecido filho e seus netos, ela não sabia bem por onde começar, afinal não fazia a menor ideia de quem era Margary, no entanto ela viu os netos na capela.

Ela finalmente achou um dos pequenos e pediu que ele a levasse até seus irmãos e sua mãe, o menino que sabia que ela era a rainha prontamente o fez, mas como havia prometido para sua mãe agiria como quem não soubesse de nada em relação dela ser sua avó.

Quando se encontrou com Margary a rainha disse que já sabia assim como o rei de toda a história e fazia questão que todos eles se mudassem para o castelo, o rei também já havia pedido ao escrivão para dar entrada na papelada para colocar o nome da família nas crianças e prosseguiu insistindo que eles viessem ter uma vida digna no castelo.

Margary disse que se sentia honrada com tudo aquilo, mas contou que Joseph IV havia deixado uma boa quantia em dinheiro para ela e os filhos viverem bem, e que também recebeu recentemente em sua casa que Joseph V a presenteou um pote cheio de ouro do qual daria para seus tataranetos sobreviverem em nome de um “tal” de duende sapeca como recompensa a um bravo príncipe.

A rainha continuou persistindo e falou que havia conversado com Joseph para que os filhos de seu irmão tivessem direito ao trono quando o rei deixasse de governar, afinal ele não tinha interesse. Margary ouvindo a rainha implorando resolveu fazer um acordo com ela, ele baseava-se no fato em que ela entregaria os filhos se fosse da vontade deles para que ela os criasse, mas não iria morar lá, seu desejo era viver até o fim de sua vida ao lado de seu marido e ser enterrada em seu lado, porém ela queria que nenhum de seus filhos se tornasse rei no lugar de Joseph.

A rainha questionou o porquê de seu filho mais velho não poder assumir o ofício quando tivesse idade suficiente e Margary disse que eles não foram criados para isso, assim como o reino jamais teria um rei tão bom como Joseph. A rainha aceitou o acordo, e em seguida expondo melhor a sua ideia sobre seus filhos se tornarem reis ou sua filha rainha ela explicou que se for do desejo de seus filhos se unirem a pessoa escolhida caso o rei regente queira arranjar um casamento para qualquer um deles ela não seria contra.

As coisas estavam acertadas entre as damas, bastava apensar saber o que as crianças queriam, a mãe chamou por seus três filhos e perguntou se eles tinham vontade de ser da realeza como seu pai e viverem no castelo, os olhos das crianças brilhavam e claro que eles aceitaram de imediato, mas a mãe avisou em seguida que ela não abandonaria o pai deles, a filha parou e pensou um pouco.

Após conversar com seus irmãos a menina e ambos aceitaram o acordo, a rainha disse que eles poderiam ir ver a mãe quando desejassem e assim era recíproco caso ela quisesse ficar alguns dias no castelo ou se ela mudasse de ideia algum dia.

A mãe despediu-se de seus filhos, pois tinha de partir viagem e seria um pouco longa, seus filhos choraram um pouco, mas logo estavam se divertindo com as outras crianças presentes na festa. A rainha beijou a testa de Margary e disse: - Tu és uma filha pra mim, haja o que houver podes me procurar e eu e meu marido iremos lhe ajudar.

Com lágrimas nos olhos a mulher partiu, mas seu coração sabia que suas crias estavam em boas mãos e que jamais teriam uma vida melhor em todos os sentidos que entre sua família paterna, afinal lá a vida social deles seria agitada, sem contar os estudos e todos os ensinamentos da realeza, e um dia também quem sabe seus filhos não se tornem reis e sua filha uma grande rainha de algum reino.

Lore amou Kathelyn, fizeram amizade e ficaram batendo altos papos, assim como o garoto do estábulo e Sammuel, mas quando já estava ficando um pouco mais vazia a festa com a ida de alguns convidados embora, Sammuel pediu licença a seu novo amigo para ir falar com sua amada.

O rapaz estava louco para desfrutar intimamente da companhia de Lore que estava belíssima naquela noite, não que ela não fosse, mas naquela noite ela estava sensacional, ele também pediu licença para Kathelyn e falou que precisava conversar a sós com sua donzela.

Ela mal havia se afastado e Lore pulou nos braços de seu amor aos beijos, a coisa foi esquentando e não demorou muito para saírem juntos entre sorrisos atrás de um banheiro no castelo aonde fizeram amor por algum tempo sem que ninguém desse por falta do sumiço de ambos.

Não que eles não fossem figuras a serem notadas ou esquecidas, mas logo após saírem de cena antes mesmo que Kathelyn chegasse ao encontro de seu noivo ela sentiu um líquido escorrer em meio a suas pernas, uma contração fortíssima e já sabia que seu filho estava para nascer, seu noivo que ao ouvir seu urro virou-se na sua direção procurando-a viu ela se curvar e imediatamente correu para ajuda-la.

A rainha estava adentrando o recinto no momento em que as coisas começaram a ficar complicadas e começou a procurar os pais da princesa enquanto gritava pedindo pela ajuda de alguém que soubesse fazer um parto. Os pais da moça ouviram o pedido da rainha e correram ao seu encontro e por sorte, muita sorte mesmo havia uma parteira presente ali na festa, e não era uma parteira comum.

Aquela velha senhora foi quem fez o parto dos filhos da rainha e de muitas mulheres no reino, claro que o rosto de uma parteira ainda mais depois de tantos anos não seria reconhecido pela realeza, no entanto quem realiza o parto de dois príncipes jamais esquece e lá estava ela prestes a colocar o terceiro príncipe no mundo.

A responsabilidade de uma parteira já é imensa, imagine só quando se trata de um futuro rei, ela correu até a rainha e agarrou-a pelo braço dizendo que era parteira e apesar dela não se lembrar, fora ela quem trouxe seus filhos ao mundo, a rainha fez um pouco de força e conseguiu lembrar de algo, só que a prioridade era Annastorzinho que estava prestes a nascer,

Todos correriam para socorrer a jovem que estava no colo do noivo, era prioridade tira-la ali do meio da festa antes que curiosos se amontoasse, não era um local adequado e nem uma situação apropriada para uma criança se nascer. A rainha pediu que a levassem para o quarto mais próximo e logo que o garoto do estábulo a colocou na cama a mãe de Kathelyn pediu que tanto o rei que já não estava lá muito sóbrio quanto o jovem fossem procurar pelos serviçais e pedir panos e baldes de água aquecida.

Com toda aquela confusão e correria não foi difícil de notarem que algo estava acontecendo e a fofoca começar, o garoto do estábulo fez questão ao ser parado pelo primeiro curioso de informar que um príncipe estava nascendo e que a informação se passasse até que encontrassem os serviçais.

Quando a história chegou ao ouvido do primeiro serviçal não demorou muito para que ele encontrasse os outros e fosse levar as coisas que haviam sido pedidas pelas rainhas, o garoto do estábulo já havia perdido o rei Annastor de vista e sua prioridade agora era encontrar Sammuel e Lore para informar que iria se tornar pai a qualquer momento e compartilhar sua felicidade.

Ele sabia que homens não eram bem vindos durante o parto para não deixar suas esposas mais tensas, após alguns minutos procurando castelo adentro ele finalmente viu o casal saindo de um dos banheiros se arrumando e rindo, também não fez questão de perguntar o que se passava, pois estava um pouco explícito.

Ao informar do que estava acontecendo para eles Lore fez questão de que fosse levada até o quarto onde tudo estava ocorrendo para que pudesse dar apoio a sua amiga e assim o garoto do estábulo o fez, ao chegarem a porta apenas a moça entrou, Sammuel se sentou em frente a mesma e pediu que o amigo assim o fizesse.

O garoto do estábulo estava completamente gelado e tremia, mas felizmente seu amigo estava ali para dar apoio moral, o rei Annastor que tinha sumido estava procurando por todos seus amigos para informar que o principezinho ia nascer. Os irmãos de Kathelyn estavam um tanto quanto receosos com o nascimento desse novo membro da família devido ao entusiasmo de seu pai e envoltos aos seus preconceitos com o cunhado.

Na quarto aonde acontecia o parto estava uma completa loucura, a moça gemia de dor e sangrava muito, a rainha amparava sua amiga mãe da jovem que já estava começando a se preocupar com a situação, mas quando Kathelyn viu sua amiga adentrar ao recinto a primeira coisa que fez foi pedir para que ela segurasse sua mão.

Ela apertava a mão de Lore com força, todos ali viam que a situação estava um pouco complicada e foi quando a bruxinha lembrou-se de um feitiço do qual nunca usara antes que aprenderam em magia branca no qual após pronunciar algumas palavras se era assegurado que nada de mal aconteceria a mãe que estivesse parindo e o bebê.

Lore ajoelhou-se ao lado da amiga e no pé de seu ouvido pronunciou: - Destreres afetos in front de madre, gratiles secures ci due. Óbvio que ninguém ouviu fora a moça, mas os que ali estavam presentes queriam saber o que foi que ela disse que acalmou a jovem que estava com dificuldades no parto e Kathelyn sentiu um alivio ao ouvir aquelas palavras, mesmo sem entender nada não fez questão de perguntar.

Quase que de imediato ao acalmar-se a parteira gritou avisando que já conseguia ver a cabeça do bebe, com um pouco mais de força ele foi saindo até que ela conseguiu puxa-lo e finalmente Annastorzinho estava no mundo real, como um grito que declara guerra vem dum rei o principezinho chorou tão alto que pode ser ouvido por todos no castelo.

O pai do bebe levantou-se imediatamente e comemorando abraçou Sammuel em meio a lágrimas de felicidade, lá dentro da sala a parteira perguntou a mãe do recém-nascido quem iria segurar o bebe primeiro e Kathelyn mal esperou ela terminar de falar e disse: - Lore, o entregue nas mãos de Lore até que meu marido possa entrar.

Lisonjeada com toda aquela situação na determinada circunstância mesmo nunca antes tendo segurando uma criança, Lore não podia rejeitar, e quando a parteira entregou o pequeno garotinho em seus braços ela lembrou-se de todos aqueles meninos do qual tirou a vida por puro egoísmo e egocentrismo.

Lágrimas escorreram de seus olhos e para quem via toda aquela situação imaginava que eram de felicidade, mas mal podiam imaginar quão cobradora era aquela situação para a moça, ninguém fazia ideia do tamanho da responsabilidade que a própria se cobrava prometendo ao seu subconsciente que protegeria aquele bebe custasse o que fosse, em troca de todo mal que já causou para os filhos dos outros até o fim de sua vida.

A parteira foi até a porta e pediu que o noivo da princesa entrasse, ele e o amigo correram para ver o bebezinho que era a cara do avô, antes de entrega-lo para o pai Lore beijou a testa daquele garotinho indefeso e olhando em seus pequenos olhinhos que mal se mantinham abertos disse que o amava, surpreendentemente o bebe sorriu e quem ali presenciou chorou.

Sammuel amparou a amada nos braços e juntos foram procurar pelo rei Annastor para avisar oficialmente da chegada do príncipe, Lore estava suja de sangue assim como suas mãos, mas toda aquela frescura que um dia teve não existia mais ali naquela nova pessoa da qual definitivamente se transformara.

Joseph e Laura aproveitaram aquela longa viagem da qual estavam fazendo para dormir no caminho durante a noite, eles mal tinham ideia do que estava se passando no reino e assim permaneceriam sem noticia alguma por nove dias até que voltassem. Na manhã seguinte estavam perto da casa no campo e as estradas que levavam para lá eram belíssimas, Joseph acordou primeiro, mas não despertou sua amada, logo que a carruagem chegou ao portão do casarão ele beijou delicadamente os lábios de sua amada que despertou de um sono profundo.

O príncipe pegou a princesa no colo e a levou até dentro da casa, em seguida os lacaios se encarregaram de levar os pertences de ambos para dentro e depois partiram. O casal estava completamente alienado do mundo e sozinhos, tirando a presença dos empregados que não iriam incomoda-los pra nada, a presença deles nem seria notada a não ser que fossem chamados.
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