segunda-feira, 6 de março de 2017

Os 7 contos - A História de Amor (Parte VIII)


[...]

A viagem transcorreu tranquilamente em todo seu trajeto, Joseph parou com a carroça e os cavalos para descansar apenas um dia numa floresta, porque Laura conhecia alguns atalhos que os facilitaram o caminho e os levou mais rápido para o reino.

Quando estavam se aproximando dos portões do castelo Joseph acordou sua amada, ele estava com medo da reação de seus pais, mas estava ansioso também com toda aquela situação.

Ao adentrem as muralhas do castelo Joseph foi cumprimentado pelos guardas e antes de chegar à porta do castelo estava tremendo, os olhos de Laura brilhavam ao deslumbrar tanta beleza dum lugar em paz. O jovem desceu do cavalo, ajudou sua mulher a descer e de mãos dadas caminharam até a porta que não havia ninguém esperando por eles, até porque chegaram uns três dias antes do planejado, abriram a porta e seguiram até a sala do trono onde estaria seu pai e sua mãe.

Logo que juntos adentraram a sala do trono a rainha levantou-se e foi correndo na direção de Joseph para abraça-lo, no entanto o rei apenas observava seu filho que estava até que bem cuidado, apesar de suas roupas estarem uns trapos e contemplava a beleza de Laura.

A mãe queria saber tudo sobre seu filho falecido, fazia centenas de perguntas, mas o príncipe interrompeu sua mãe para lhe apresentar formalmente sua noiva. Ao contrário do que ele temia ambos foram muito receptivos, a rainha que possuía um sorriso de canto a canto em seu rosto ao ver seu caçula bem e sua nora grávida pediu que eles fossem tomar um banho e se vestir para um banquete, informou também a eles que ela já havia mandado a costureira real fazer um belo vestido para jovem e vestes adequadas para seu filho e ambos se encontravam nos aposentos do rapaz.

O casal foi de mãos dadas, sorridente, entre risos e sussurros no ouvido até o quarto, Joseph não podia estar mais feliz naquele momento depois de tudo que passara. Quando entrou no quarto o jovem notou que muitas coisas estavam diferentes, a rainha havia feito uma reforma geral para recebê-los que ia desde uma nova pintura até um cantinho para o bebe.

Joseph não se importou nem um pouco, pois isso demonstrava a afeição de seus pais para com aquela que ele escolheu para ter ao seu lado e seu filho, os jovens tomaram um bom banho que lhes foi preparado e em seguida vestiram-se. O rapaz nunca havia visto sua amada tão bela, não que esta não fosse afinal ela possuía de uma beleza fora do comum, mas quando seu longo cabelo ruivo refletiu a luz e ele notou que o tom de seus eram compatíveis com a cor do belíssimo vestido feito sobre medida para ela a jovem apresentava-se como a mais perfeita princesa já vista.

Dirigiram-se ao banquete aonde se esbaldaram de comer e colocaram todos os assuntos em dia com o rei e a rainha, não demorou muito para que o rei demonstrasse sua admiração pela beleza de sua nora que com muita classe agradeceu. A rainha ficou encantada com a história de amor deles e chorou bastante quando ouviu a história de seu filho que morreu bravamente para salvar o irmão.

Em meio às conversas o rei perguntou a qual família Laura pertencia e qual era sua história, a moça não hesitou em contar e foi em meio a ela que surgiu aquela resposta que Joseph buscara anteriormente, por qual razão seu pai havia criado um interesse súbito na captura da bruxa. Lore que por muitos anos carregava outro nome como foi contado por Laura deixou-se ser reconhecia novamente por seu real nome quando seu plano estava chegando ao final e foi quando o rei que se mantinha neutro ao assunto para proteção de seus filhos desde a gravidez de sua esposa lembrou-se de uma antiga história de família que o fez acordar para ajudar o seu povo, porém envolto a uma vingança pessoal.

Há três séculos seu tataravô Briant Arthuro que fora rei e sucessor do trono, pois a filha do meio era uma mulher e seu irmão mais velho veio falecer escreveu um pedido de vingança num pedaço de pergaminho que passa de geração em geração pela família Arthuro. Junto a esse pedido ele explicava a razão, Felício Arthuro VIII havia se apaixonado e se envolvido com uma jovem chamada Lore Earnshaw.

A moça que tinha apenas 16 anos caiu no encanto do príncipe galanteador que era um mulherengo, segundo a própria jovem ela perdera sua virgindade com ele, porém depois de usar dela o quanto quis apesar deles se entenderem mais do que bem o rapaz largou dela e casou-se com sua esposa arranjada por dinheiro.

A jovem que se revoltou fez um feitiço alguns anos depois para a esposa dele que adoeceu e faleceu antes de conseguir dar a luz ao bebe que esperava, em seguida ela foi procurar por ele e pedir que se casassem, contou que foi a responsável pela morte deles e que se ele não fosse dela não seria de ninguém. Para infelicidade de Lore o príncipe já tinha se apaixonado pela sua mulher, ele tentou partir para cima dela, mas como não era nada boba a bruxa pegou uma faca da cintura e apunhalou-o no coração.

Algumas horas depois sendo notado o sumiço do príncipe sucessor numa reunião do conselho seu irmão Briant foi procura-lo e encontrou-o morto e ensanguentado no colo de uma mulher que ao vê-lo levantou-se e antes de partir disse: - Meu nome é Laura Earnshaw, anote bem esse nome porque eu vou vingar-me de todos os homens desse reino, de todos outros e do mundo todo.

Laura que ouvia a história e prestava atenção nos mínimos detalhes logo compreendeu qual foi à razão do envolvimento com magia negra de sua irmã na adolescência, agora tudo fazia sentido, Lore teve seu coração partido e queria que todos tivessem também, usando disso como motivação para querer dominar tudo na companhia de seu ajudante que possuiria o sangue daquele que um dia amou.

Lore teve sua aparência modificada assim como seu coração pelo abuso do uso de magia das trevas, ela aparentava ser bem mais velha do que realmente era, tanto que Joseph achou que pudesse ser a mãe de Laura quando viu o retrato, mas Laura teve a louca ideia de tentar explicar as coisas pra irmã e pedir por paz.

Claro que o rei assim como a rainha e Joseph não aceitaram, a proposta era deixar que a bruxa tentasse invadir o castelo um dia como era esperado para ser finalmente capturada, enquanto isso todos viveriam em paz ali no reino.

O príncipe comentou com seus pais que sairia para resolver algumas pendências por alguns dias, pediu para que sua mãe cuidasse de Laura e disse que logo cedo partiria para entregar os pertences dos cavaleiros a suas famílias e depois sairia em sua jornada.

Ele também lembrou e pediu para que seu pai pedisse para alguém buscar as coisas de seu irmão que estavam na carroça, depois se retirou com Laura para os aposentos. Ao chegarem lá entre beijos e abraços o casal se trocou para dormir e deitou-se logo em seguida, quando Joseph foi apagar a vela de sua cabeceira viu a rosa que tinha ganhado de Laura murcha, ele pegou-a na mão e mostrou para sua amada que passou a mão sobre a flor e devolveu-a vida imediatamente, mas a jovem só a ressuscitou para que Joseph a levasse com ele em sua viagem.

No dia seguinte o príncipe levantou-se bem cedo, despediu-se de sua bela donzela que ainda estava meio que dormindo com um beijo na testa e saiu. Primeiramente Joseph pegou a carroça puxada pelo seu cavalo e de seu irmão e foi de casa em casa de cada um dos 12 cavaleiros pra entregar os pertences deles a suas famílias, foi algo muito difícil de fazer ainda mais pela companhia da notícia para os pais, esposas, filhos e parentes que eles não voltariam mais para casa.

Cada local que o jovem passou um pedaço de si ficou lá, partiu o coração dele ver tantas pessoas em prantos, de certa forma ele ainda se culpava, mas a pior parte ainda estava por vir. Já era o final de tarde lindo e o rapaz tinha que partir em viagem até a família de seu irmão com os alimentos e roupas que carregava na carroça, assim como dinheiro e o mapa para o Vale das Fadas.

Joseph não descansou até chegar a seu destino, quando parou os cavalos seus sobrinhos que brincavam na frente de casa vieram correndo perguntando pelo pai, ele pediu que as crianças o levassem até Margary, quando a encontrou ela já sabia da notícia por vê-lo sozinho.

A mulher desabou em chorar, as crianças choravam junto da mãe e não entendiam direito o que se passava, o rapaz ficou para o almoço e contou toda história para a sua cunhada de como o irmão fora um herói. Depois de comer e vendo que Margary não possuía forças se ofereceu de ajuda-la a pegar todos seus pertences e colocar na carroça para partir para seu novo lar.

Aquele lugar era um inferno e logo a viúva aceitou a proposta, ela queria uma vida melhor para seus filhos, em meio a tentar distrair as crianças Joseph ajudou ela a pegar tudo que tinha que não era muito e a levou para a carroça aonde se despediu e prometeu que iria visita-los, mas ele esperava que mandassem cartas sempre que possível falando da situação deles e caso precisassem de mais dinheiro também.

Margary disse que o informaria sim e esperava muito que ele tornasse seus filhos cavaleiros, ele jurou a ela que quando fosse rei daria o sobrenome da família a todos os filhos do irmão para que deixassem de ser bastardos perante os olhos maldosos da sociedade e levaria todos para morar no castelo com ele. A viúva pediu que ele se importasse apenas com os sobrinhos, ela estaria feliz em viver o resto de sua vida ao lado de seu amado e junto a ele ser enterrada.

Apesar de achar aquilo tudo muito mórbido o jovem disse que deixaria a vontade dela ser feita, pediu pra que ela seguisse viagem para chegar o mais rápido possível à segurança com suas crianças e disse que também precisava partir para uma última missão antes de voltar para seu casamento.

Enquanto Margary com as crianças mudavam-se, Joseph seguia até uma terra chamada Kilusburg e Laura preparava o seu casamento junto à rainha, Lore que aparentemente havia sido esquecida ou jogada para segundo plano por todos planejava sua vingança.

A ideia diabólica da bruxa não era nada mal para quem queria causar problemas e sofrimento no próximo, ela decidiu aproximar-se de todos que possuíam algum tipo de vínculo com o príncipe para matar e se divertir com toda situação nas custas do sofrimento do rapaz.

Óbvio que ela precisava começar de baixo, não dava pra simplesmente matar sua irmã grávida ou o rei e a rainha protegidos pelas muralhas do castelo, mesmo com magia negra existem limites do que se pode fazer e conseguir se safar ileso.

Após muito pesquisar e estudar a vida do príncipe em seu caldeirão mágico e suas bolas de cristais ela sabia exatamente por onde começar, um alvo fácil, Sammuel era um camponês amigo de infância de Joseph, ambos cresceram juntos, pois o pai do rapaz dava aula de boas maneiras para o príncipe.

Eles perderam um pouco de contato com o tempo, mas de vez em quando Joseph o visitava, eles até saiam juntos nas fugas do príncipe antigamente, um rapaz que vivia completamente sozinho e passava as noites afogando as mágoas de sua falecida esposa em tabernas era a vítima perfeita para se começar.

A bruxa esperou que ele saísse de casa e o seguiu até uma taberna, ela ficou em uma mesa apenas o observando e quando notou que ele já estava cambaleando e saiu de lá foi atrás dele, Lore vestiu-se com roupas velhas e rasgadas. O plano dela era passar-se por uma camponesa perdida que escapou de seu algoz que a abusava, Sammuel muito bondoso como sempre falou que ela podia acompanha-lo até sua casa e descansar lá pra ele ver o que podia fazer por ela no dia seguinte se essa fosse sua vontade.

O plano de Lore ia muito bem, até melhor que o planejado, chegando à casa do rapaz ela sentou-se numa poltrona e antes mesmo que ele pudesse chegar ao quarto ele desmaiou no meio do caminho. Pela primeira vez em muito tempo ela sentiu pena de alguém e ajudou ele a ir para cama, ela sentou no pé da mesma e enquanto pensava como mata-lo observava a beleza dele, um rapaz robusto e forte, cabelos loiros longos e uma barba bem volumosa, sem falar nos olhos verdes.

Lore tirou a camisa dele e ao deslumbrar aqueles músculos enormes e definidos até desistiu do plano de mata-lo naquele momento, ela foi até o banheiro, pegou uma toalha e a umedeceu para limpar ele que estava meio sujo de tanto cair no chão. Noite adentro Lore o observou sentada ao seu lado, mas antes do amanhecer acabou pegando no sono e dormindo sobre o peito de Sammuel sem que percebesse.

A viagem do príncipe a Kilusburg foi mais rápida do que ele imaginava, era uma terra muito próxima da sua, mas que nunca fora visitada por ele antes. Foi fácil reconhecer aquela cidadezinha mesmo sendo bem afastada das outras civilizações; afinal quantas terras tinham seu solo coberto por trevos de quatro folhas e o céu coberto de arco-íris?

Joseph se questionava como nunca antes ouviu falar de um lugar tão belo, sua missão parecia fácil, bastava encontrar agora o dono da moeda para devolvê-la, resolveu então começar pelo primeiro arco-íris que deu de frente perguntando por Tuomas o duende sapeca que era o dono da moeda. Um duende baixinho de barba ruiva e longa vestindo um kilt com gaita de fole na mão disse que era o quarto arco-íris à esquerda do arco-íris do avesso depois do arco-íris do travesso.

O príncipe chegou a revirar os olhos naquele momento com a confusão que o duende fez em sua cabeça, porém ele resolveu procurar esse tal de arco-íris do avesso como o mesmo dizia. Na cabeça de Joseph ele provavelmente possuía esse nome por ter as cores ao contrário de um arco-íris comum, e ele estava certo, não foi difícil achar um arco-íris que se iniciava com a cor lilás.
[...]