segunda-feira, 6 de março de 2017

Os 7 contos - A História de Amor (Parte XI)


[...]

Aos poucos ele foi contanto e sua mãe quase caiu para trás, mas ele a segurou rapidamente antes que alguém notasse, a rainha chegou a derramar lágrimas de felicidade e disse que não via a hora de conhecê-los. Quando voltaram os olhares para as carruagens que chegavam parou uma carruagem de seu próprio reino, ele questionou a mãe por qual motivo as pessoas do reino não podiam vir andando, e a mãe disse que ela mandou carruagens para aqueles que vinham de mais longe.

Agora Joseph finalmente compreendeu, mas ele estava meio perdido nas ideias com tanta informação que vivenciara nos últimos dias, ou seja, melhor não levar tão a sério o que ele anda falando, logo em seguida a porta da carruagem se abriu e desceu num belíssimo traje seu velho amigo de infância Sammuel, o príncipe abriu um sorriso de canto a canto, o rapaz acenou para ele em seguida. Joseph estava ansioso para falar com ele, mas antes de subir as escadas ele colocou o braço para dentro da carruagem para ajudar alguém a descer e o príncipe ficou surpreendido ao ver que ele havia trazido uma dama, afinal ele só a levaria se fosse algo sério.

Claro que o príncipe deduziu que fosse uma mulher, afinal nunca fora do feitio de seu melhor amigo andar acompanhado de homens, ansioso e se esgueirando do lado de sua mãe para ver quem era apenas conseguiu ver um longo vestido verde cor de esmeralda que saia da carruagem, pois sua mãe o puxou pelo braço.

As escadarias eram longas, Joseph finalmente viu a moça que saíra da carruagem de Sammuel e chegou a esfregar os olhos, ele podia jurar que era Laura, no entanto tentava imaginar quem seria aquela jovem. Ao que foram se aproximando dele ao subir as escadas percebeu que se tratava de Lore, o príncipe mesmo pensava: “Nossa como eu pude ser burro?! Quem mais seria idêntica a minha mulher senão sua irmã gêmea?”.

A vontade de Joseph que havia encarado face a face aquela cujo tirou a vida de seus cavaleiros e seu irmão era imediatamente chamar toda guarda real para que a prendesse só que algo pedia no subconsciente dele que deixasse quieto e esperasse para entender o que estava se passando. Joseph podia notar a felicidade em seu amigo da qual não via há anos enquanto ele subia de braços dados com Lore e ambos sussurravam no ouvido um do outro rindo em seguida, ele notou que aquela jovem estava muitíssimo diferente da que conheceu e claro ele não pretendia acabar seu casamento em meio a uma tragédia.

Apesar de muito nervoso a cada degrau que se aproximava naquele momento seu maior medo era que alguém reconhecesse Lore e fizesse alarde destruindo o casamento que era o que ele mais temia, quando finalmente ambos chegaram até ele e a rainha a cumprimentaram, a mãe de Joseph elogiou a bela dama que mal imaginava quem era e em seguida abraçou e disse que estava com muitas saudades do rechonchudo (como ela chamava Sammuel quando criança).

Talvez por obra do destino naquele momento um velho amigo da rainha a chamou e ela deixou Joseph a sós com o casal, o rapaz puxou o amigo pelo braço e perguntou se ele tinha ideia de que cumbuca estava se metendo, e surpreendendo Joseph ele disse que sabia de tudo, completando em seguida: - Meu caro amigo, ela mudou, Lore irá te provar e espero que ti sejas capaz de perdoar.

Muito receoso com todo aquele papo, mas sabendo que Lore também era o único parente vivo de sua amada resolveu ouvir o que ela tinha a dizer, num ato jamais imaginado pelo príncipe ela o abraçou em meio a lágrimas e pediu perdão, disse ainda que desejava confessar seus crimes ao rei e que sabia que o que fez era impagável, mas que ela daria sua vida de fosse necessário. Havia uma única condição, ela implorou que se aquela fosse sua última noite Joseph tivesse a piedade que ela não teve para com ninguém nos últimos séculos e a deixasse pelo menos ser feliz naquele momento no casamento de sua irmã ao ver o sonho dela se realizar e que gostaria também de poder aproveitar seus últimos instantes ao lado de quem amava.

As palavras sinceras de Lore em meio a um choro profundo no qual o ritmo das batidas de seu coração acompanhava cada sílaba que a jovem dizia mexeu com o rapaz que disse que resolveriam a situação depois de sua lua de mel. Ainda que muito confuso e chegando a ter pena de Lore ele pegou seu lenço e secou as lágrimas que borraram a maquiagem da moça, em seguida pediu que ela fosse ao banheiro se ajeitar e seguisse ao altar com o padrinho para ser a madrinha se ela assim desejasse.

Não havia palavras para agradecer segundo Lore que foi correndo para o banheiro se maquiar, Sammuel ficou um tempo conversando com Joseph e perguntou: - E então meu amigo, Lore conseguiu mudar seu coração? Meio que sem resposta Joseph fez um sinal com a cabeça e os ombros como quem quer dizer “ainda não sei bem”.

Logo o mestre de cerimônias apareceu e pediu para que todos se dirigissem a capela do reino, pois a grande hora se aproximava, Joseph observava a belíssima imagem que todos aqueles vestidos e trajes exuberantes montavam no momento que se misturavam em meio ao jardim enquanto aquelas milhares de pessoas caminhavam para a capela.

A capela ficou lotada, não cabia mais uma alma se quer, tinham centenas de pessoas no jardim, havia ainda pessoas que estavam chegando e ficavam pelo grande salão mesmo, mas logo o padre subiu ao altar e pediu que os padrinhos se alinhassem.

Sammuel subiu junto de Lore e Kathelyn do garoto do estábulo que nem parecia carregar tal título a julgar por seus trajes, era uma imagem digna de se recordar para o resto da vida de qualquer um presente naquele casamento, dois casais que não podiam demonstrar maior felicidade juntos, sendo que uma das madrinhas estava com um barrigão lindo, carregando o fruto de um amor verdadeiro.

O padre então chamou pelo noivo que prontamente subiu ao altar, ele soava frio, como era de costume as noivas sempre demoravam a aparecer, Joseph se lembrou do irmão ao ver em meio a todas aquelas pessoas na capela seus três sobrinhos muito bem vestidos e chegou a escorrer uma lágrima em seu rosto.

Em meio à lembrança de seu irmão veio uma ideia, ele perguntou para o padre se tinha tempo de uma pequena mudança que seria muito significativa para ele e o padre pediu que se apreçasse fosse lá o que ia fazer. Joseph perguntou aos padrinhos quem que estava com as alianças, estava com Sammuel que as entregou para ele que praticamente saltou do altar e correu até os sobrinhos.

As crianças agarraram nele e disseram que estavam muito felizes por sua mãe ter levado eles, Joseph perguntou onde ela estava e as crianças falaram que ela ficou no jardim, pois não queria incomodar. O príncipe entregou as alianças para a sua sobrinha e pediu que ela as levasse quando fosse o momento certo, os garotos perguntaram se eles não teriam nenhuma função, o rapaz riu e pediu que ambos fossem pedir para a mãe entrar na capela e juntos esperassem sua noiva aparecer para carregar o vestido dela.

O padre fez sinal que estava quase na hora e prontamente ele voltou ao altar, o jovem estava muito ansioso para ver a mulher da sua vida subindo ao altar e feliz por ter todos que amava presentes ali. Num sinal da rainha a orquestra começou a tocar a marcha de casamento, ele sabia que a grande hora se aproximava e em meio ao nervosismo Sammuel ainda sussurrou em seu ouvido: - Se prepara!

Foi quando as portas da capela que estavam fechadas se abriram e lá estava Laura no vestido mais belo que todos os reinos já haviam visto, ele era branco como leite e cravejado de diamantes por completo, de braço dado com a donzela que não tinha mais pai estava o rei tão formoso como nunca fora visto.

Em meio aquela música meio que céltica que era tocada Laura e o rei iam andando em pequenos passos em direção ao altar, quando a jovem viu sua irmã e o sorriso no rosto de seu futuro marido, lágrimas escorreram, mas não puderam ser vistas por ninguém, porque o véu e a grinalda cobriam completamente o seu rosto.

O vestido tinha a cauda mais longa que o vestido que qualquer mulher já tivesse usada e os sobrinhos de Joseph vinham carregando-a para não arrastar no chão, as flores que Laura carregava não podiam ser outras a não serem as rosas que possuíam o mesmo cheiro dela.

Quando Laura estava finalmente se aproximando do altar Margary apareceu e após entrar encostou a porta da capela, antes de subir as escadas do altar o rei levantou-lhe o véu e beijou-a a cabeça em seguida desejando tudo de melhor para ela e seu filho, ainda completou: - Tu serás a princesa mais bela já vista em todos os reinos, seja feliz minha filha.

Laura não conseguia conter o choro, o rei então cobriu seu rosto novamente e ela começou a subir as escadas, a moça sabia que cada degrau do qual subia estava mais próxima de seu final feliz, lágrimas escorriam dos olhos de Joseph também assim como de todos os padrinhos.

Joseph estendeu a mão e sua amada segurou sendo guiada até sua frente, o padre pediu que ela a cobrisse com sua capa e assim o fez, em seguida o rei pediu que ambos repetissem seus votos, Laura seria a primeira: “Seja no sol quente numa manhã ou na noite gélida sob a lua, eu juro lhe amar e para sempre ser tua. Dos homens o mais valente tenho comigo, aquele que além de companheiro escolhi para ser meu amigo. Diante de todos os Deuses eu juro ser a melhor esposa que poderei, pois foi a ti que ao meu coração prometi que sempre amarei”.

Em seguida era a vez do rapaz: “Perdido em meio a uma floresta ou no meio do oceano, foi a ti que escolhi como esposa, perante os Deuses digo que te amo. Peço deles a benção de unir meu coração junto do seu, tornando um só, por pior que seja a situação junto de ti desataremos todos os nós. Das donzelas mais belas escolhi a você, tu agora mais que nunca és a razão do meu viver e que os Deuses tenham piedade que eu não esteja vivo no dia em que tu morrer”.

Apesar das palavras serem sempre as mesmas repetidas em todos os casamentos quando um falava para o outro parecia à leitura duma poesia, cada palavra pronunciada exalava uma energia e até para os que se julgavam mais machos uma lágrima escorria, a vibração era tão grande que ali não havia se quer um coração que não sentisse junto dos noivos aquela grande emoção.

Ao fim dos votos o padre pediu para que trocassem as alianças e Joseph estalou os dedos, foi assim que sua sobrinha que aguardava ansiosamente veio saltitante entrega-las, após colocaram um no outro o padre disse que o noivo poderia beijar a noiva. Delicadamente o príncipe levantava o véu da princesa e então ele a beijou, talvez tenha sido o beijo mais lindo já visto em um casamento, mas a atitude do jovem que veio a seguir foi mais linda que qualquer outra.

Joseph se ajoelhou em frente à Laura e beijou sua barriga, todos ficaram muito comovidos vendo aquele pai de primeira viagem tendo aquela surpreendente atitude. De braços dados eles desceram as escadas, seguidos dos padrinhos, as pessoas iam abrindo caminho para passarem até chegarem ao jardim aonde Laura jogaria o buquê como era de tradição.

Apenas as mulheres deveriam se reunir atrás da noiva e assim fizeram, os homens ficaram ao redor apenas observando, Joseph, no entanto não saiu um minuto se quer do lado do seu amor. Quando o rapaz começou a contagem regressiva as mulheres já começaram a se engalfinhar entre si, Lore e Kathelyn estavam meio que afastadas de toda aquela confusão e quando Laura jogou, talvez por obra dos Deuses, ele caiu no colo de Lore que se assustou.

Sua irmã ficou muito feliz quando virou e viu com quem estava, mas a felicidade maior era de Sammuel que conversava com o garoto do estábulo e no mesmo momento ambos falavam de seus casamentos, os dois rapazes estavam até planejando um casamento em conjunto.

Lore correu com as flores na mão até seu amado e pulou em seu colo o beijando em seguida, depois aos poucos todos foram se dirigindo até o grande salão e o rei pediu que o casal brindasse junto dos padrinhos, o brinde foi em conjunto a todos ali presentes, cena linda de se ver. Todos os casais de braços entrelaçados como o príncipe e a princesa e mesmo quem estava só brindava junto da família ou amigos.

Em seguida o rei pediu que o príncipe tirasse a princesa para a primeira dança, as pessoas foram formando um grande circulo em volta do casal, após curvar-se para cumprimentar a princesa e ela fez o mesmo em seguida, uma belíssima música céltica começou a ser tocada assim que ambos se juntaram.

A melodia era belíssima e ao compasso da música o príncipe ia levando a princesa, após algum tempo dançando o rei permitiu que todos que quisessem participassem da dança. Os padrinhos foram os primeiros, mas como o destino adorava surpreender a todos um belíssimo corsário primo de Joseph tirou Penélope que estava quietinha num canto apenas observando para dançar, a moça abriu um sorriso de canto a canto, afinal seu maior sonho estava se realizando.

Como era o costume a cada quatro voltas os casais trocavam suas parceiras, Joseph sentiu-se muitíssimo honrado ao tirar Penélope para dançar, a jovem agradecia no pé de seu ouvido enquanto ia ao embalo da música. Ao passar a moça para o próximo adivinhe só quem foi que veio dançar com o príncipe...

Lore foi à sorteada da vez, e no mesmo instante em que a mão de Joseph segurou a dela uma nova música começou a tocar, e não era uma música qualquer, era a música mais longa do repertório de valsas. O príncipe estava com muitos sentimentos aflorados naquele momento e preferiu não abrir a boca antes que falasse alguma baboseira, mas ao colocar a mão na cintura de sua cunhada ela se aproximou de seu ouvido como quem já queria dizer algo.

Antes que a moça dissesse uma sílaba se quer o rapaz já falou em seu ouvido: - Lore não, por favor, não, não diga nada. Deixemos para resolver depois da minha lua de mel que será mais um descanso na realidade como eu já havia lhe pedido.

Após um sinal de consentimento com a cabeça vindo da jovem o profundo silêncio procedeu até o final da dança que enceraria o momento das valsas, assim já dada por encerrada era a grande hora em que o príncipe se despedia junto da princesa de seus convidados e entravam na carruagem rumo á fazenda no campo de sua família aonde teriam nove dias para aproveitar da companhia um do outro.
[...]