segunda-feira, 6 de março de 2017

Os 7 contos - A História de Amor (Parte VI)


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Ele retirou a mordaça, pegou sua faca e cortou as amarras e em seguida beijou-a, perguntou que diabos ela fazia ali e ela implorou a ele para fugirem dali para o Vale das Fadas onde estariam em segurança para sempre contato que não saíssem de lá. O príncipe disse que não podia, pois havia prometido a terra ao seu irmão e indagou também como ela sabia do local, Laura falou que explicaria tudo depois, mas agora tinham que fugir e Joseph com toda sua bravura explicou que um homem jamais abandonava uma batalha e o primordial para ele era a segurança de sua amada e seu filho, o que ambos jamais teriam com Lore viva.

A bruxa que duelava com Sir. Kyrlay num ataque nunca antes assistido por ninguém deu um salto no ar e o decepou, os outros homens partiram para cima dela e por mais incrível que parecesse ela conseguia lutar com nove homens ao mesmo tempo, naquele momento ela falou na língua nativa a primeira vez: - Nove são os homens, Nove são os Deuses e em nome desses nove profanos eu ei de matar nove homens.

Joseph IV colocou Sir. Drackiry num vidro e foi até o irmão, Lore ia matando um por um daqueles bravos soldados e quando passava pelos adormecidos pelo chão fazia o mesmo; um a um poucos foram restando, a plateia que havia ficado para o espetáculo fugiu logo que ela matou o primeiro. Joseph IV implorou ao irmão que fossem embora dali e ele pediu que o irmão levasse Laura embora, o mesmo disse que não, todos iriam embora juntos, Laura segurou no rosto de Joseph V e disse: - Meu amor ouça seu irmão, eu lhe imploro de todo coração.

Aquele jeito impulsivo ainda iria matar ele, mas o príncipe não quis nem saber, ele deu um beijo nela e implorou para que seu irmão a levasse para o Vale das Fadas e cuidasse dela caso algo acontecesse para ele indo em direção a bruxa em seguida, Joseph IV que não entendia mais nada do que se passava ali entregou o vidro com o sapo para Laura e disse: - Oh bela donzela este é Sir. Kyrlay cuide dele pra mim, pegue um dos cavalos que estão logo abaixo do penhasco e vá para o Vale, lhe prometo que devolverei seu amado mesmo que isso tire a vida de mim.

A jovem não tinha nada a fazer ali que ajudasse em algo, para o bem de Joseph V e de seu filho ela foi embora, a Bruxa que já havia matado todos foi em direção ao príncipe que vinha sedento de ódio. Eles começaram a duelar e faltavam apenas alguns minutos para o sol raiar, a bruxa toda atrapalhada e nervosa vendo Laura fugir caiu sobre os vidros que estavam do lado da fogueira e o fogo rapidamente consumiu todos os órgãos caídos no chão.

Lore se encontrava envolta ao sentimento de vingança, afinal aquela noite da qual a lua cheia encontrou-se no centro do céu sem as estrelas para lhe acompanhar e iluminou todo penhasco de Juhdora não foi uma noite de lua cheia comum, se tratava duma noite da qual os sinos de uma velha história que contavam sobre uma antiga igreja que antes habitara o topo do penhasco iria soar.

Não se era sabido o porquê para os meros mortais, mas segundo as lendas faziam três séculos que aqueles sinos não soavam; a última vez da qual foram ouvidos fora antes da igreja pegar fogo. O intuito de Joseph V era duelar com a bruxa até o amanhecer para que seu plano fosse estragado de vez e ela sumisse.

O sol já podia ser visto lá no horizonte, Lore apontou a espada para o rapaz num golpe certeiro que lhe atravessaria, mas neste exato momento seu irmão saltou em sua frente o empurrando e foi partido ao meio. A bruxa que já tinha gasto todos os objetos mágicos que levara consigo pegou sua vassoura na carroça que agora estava vazia e foi embora.

Joseph V levantou e correu para o irmão, seu tronco estava dum lado e as pernas do outro, ele segurou a cabeça do irmão que tentava dizer algo, mas as palavras não saiam e em meio a muitas lágrimas encostou o ouvido na boca do irmão conseguindo apenas ouvir: - Deles, pra mi. A vida de Joseph IV partira de si naquele momento, tudo que Joseph V pode fazer era gritar que o vingaria assim como sua família, Laura e seu filho.

O príncipe estava aos pedaços, mal se aguentava em pé vendo todos aqueles cadáveres de seus companheiros espalhados aos pedaços pelo chão, no entanto ele sabia que mereciam mais do que serem abandonados ali aos corvos. Ele pegou juntou todos os homens as suas partes amarrando com fitas encontradas na barraquinha de Lore e em seguida colocou um a um sobre a carroça deixada pela bruxa, cobriu com a lona e desceu para buscar três cavalos, o do irmão e o seu, voltou e prendeu estes a carroça.

Joseph V desceu o penhasco, soltou os cavalos que sobraram, pegou as celas e as malas que estavam neles, as coisas do acampamento e colocou na carroça também partindo em seguida para o Vale. O príncipe viajou por quatro dias parando apenas para fazer suas necessidades e descansar um pouco, ele já havia chegado ao nível máximo de exaustão física assim como os cavalos, sem nem mencionar o fato do terrível cheiro dos cadáveres.

Já estava escurecendo quando chegou ao vale e viu a luz da casa acesa e fumaça saindo da chaminé, ele desceu de seu cavalo e ao adentrar a casa estava Laura preparando jantar e esperando por ele, o jovem beijou a moça e a abraçou, depois começou a chorar.

Laura pediu para que ele se acalmasse, fosse tomar um banho o qual ela já havia preparado, se alimentasse e descansasse para que no dia seguinte pudesse enterrar seus homens e seu irmão. O jovem mal se mantinha de pé e Laura o ajudou, nem se quer falar ele conseguia; felizmente o dia seguinte veio logo e o mesmo acordou renovado fisicamente.

Após se alimentar Laura sugeriu que limpassem os mortos, os remendassem, vestisse-os apropriadamente e então os enterrassem ali mesmo, quanto a seus pertences ela pediu que o Joseph devolvesse a suas famílias. O rapaz pediu que sua amada liberasse a mesa da cozinha e preparasse alguns baldes de água quente, arrumasse alguns panos e encontrasse linha e agulha apropriadas para que costurasse os homens e os preparasse para o enterro.

Enquanto Laura foi preparar tudo Joseph foi procurar um lugar apropriado para cavar treze covas, a tarde logo chegou e o jovem já estava completamente cansado, ele tratou de despir um a um e levar para Laura, em seguida quando já estava “consertado” e vestido Joseph o enterrava a sete palmos, à noite e a madrugada adentro se passou assim até que todos os treze homens incluindo seu irmão fossem enterrados.

A manhã chegou novamente e mesmo que cansados eles trataram de separar os bens de cada um em uma sacola e lavar o que estava sujo para que secasse e depois juntassem aos restos dos pertences que incluíam suas armas e armaduras. Joseph e Laura ainda não tinha tido tempo de conversar sobre nada, eles se falaram a primeira vez ao irem orar aos Nove Deuses para o seu irmão e os cavaleiros.

Ao terminarem Laura pediu ao marido que fizessem sobre os túmulos um belo jardim de rosas, Joseph disse que trataria do assunto imediatamente para que ali não se tornasse um local fúnebre e sim belo para se lembrar da bravura deles, enquanto isso pediu para que ela tratasse de recolher e juntar os pertences que faltavam.

Já era noite novamente quando finalmente haviam terminado tudo que havia para se fazer, eles entraram e juntos foram tomar um banho e durante este agora conseguiram conversar sobre as questões que estavam afligindo o príncipe. Antes que ele se pronunciasse a jovem falou que ele deveria ficar mais relaxado agora que os homens descansavam em paz.

Joseph disse que sabiam do risco, mas que ele se negava a acreditar neles, porque tinha fé que pudesse levar todos de volta sãos e salvos para suas casas, ainda mais seu irmão e contou para ela a história dele. Laura pediu sabendo que ali seria o lar da família do irmão dele ele não contasse de todos aqueles corpos ali enterrados, dissesse para a esposa e filhos que se encontrava apenas o dele, o que seria uma meia verdade e não causaria maiores problemas.

O rapaz concordou e pediu para que ela lhe explicasse essa história de ser prisioneira de Lore após o jantar, eles aproveitaram por um tempo a companhia um do outro, depois foram jantar as sobras do dia anterior que Laura esquentou e chegou a hora de colocarem as cartas na mesa.

A história seria longa pela demora da jovem a desembuchar, mas quando ela começou a contar ele mal podia acreditar; Há três séculos no penhasco de Juhdora havia uma igreja, lá uma freira engravidou de um maníaco numa noite de lua cheia em que ele invadiu a igreja numa fuga de um roubo duma carruagem real que passava ali próximo.

A freira chamava-se irmã Juhdora, depois de se aproveitar dela o maníaco fugiu novamente e claro que perante as regras da igreja ela não poderia mais ser uma freira, assim como não poderia abortar aquela criança. Ela era conhecida pelo grande amor que tinha pelo próximo e de fato ela jamais conseguiria desfazer-se daquela criança.

Ela implorou ao bispo que ele tivesse piedade e deixasse que de alguma forma ela pudesse ajudar a igreja, porque ali era o lar dela e tudo que ela conquistou a vida inteira, mas ele não teve piedade e expulsou-a da igreja. Juhdora se revoltou e jurou vingança, ela partiu em busca de conhecimento pela magia negra para se vingar de tudo aquilo que ela conhecia e dos Deuses que como a mesma dizia não tiveram compaixão.

A ex-freira se meteu em tudo que era encrenca nesses nove meses atrás da magia, porém mesmo aprendendo tudo sobre ela não conseguia efetuar nenhum ritual por completo, perder seus princípios aprendido dentro da igreja enquanto crescia não fora fácil, mas esta não efetuava as magias negras por ser protegida por outros rituais no qual fora submetida ao iniciar-se como freira ainda menina.

O dia em que sentiu que a criança estava para nascer invadiu a igreja e ateou fogo mesmo estando lá dentro, os sinos então foram tocados pelo bispo ao ver que a mulher estava lá dentro num pedido de socorro, quando tudo desmoronava a mulher acabou morrendo acertada da cabeça por uma viga, mas o bispo correu e tirou a mulher de lá conseguindo salvar os bebês.

Sim, os bebes, ao contrario do que a Juhdora imaginava não se tratava de um bebe e sim de gêmeas, as quais foram nomeadas de Laura e Lore pelo casal Earnshaw. O bispo possuía profundo horror aqueles inocentes bebes filhas do maníaco e da freira louca como ficou conhecida, ele então viajou por dias até uma vila na qual deixou as duas num cesto na porta de uma casinha singela.

Ali moravam o camponês e sua esposa que não podia ter filhos, o bispo já sabia da história deles, porque não tinha nem uma lua que o casal fora a igreja em busca da graça de ter um filho. Era um dia muito frio e o bispo não estava cuidando direito daquelas crianças que possuíam apenas quatro dias de vida, elas encontravam-se numa situação tão precária que poderiam até vir a falecer, mas logo que ele as colocou na porta e bateu não demorou muito para que o camponês abrisse a porta.

Ao ver aquelas criaturinhas magrinhas e esgoelando de chorar por fome ele imediatamente as levou para dentro, sua esposa chorou de felicidade ao ver sua graça de ter um filho ser atendida e ambos trataram de banhar as meninas e alimentá-las, logo elas caíram no sono. Os anos foram passando e os pais delas notaram que Lore sempre tivera um comportamento sutil e desagradável, apesar de serem criadas da mesma maneira Laura era um amor de pessoa em contradição a sua irmã.

Durante a adolescência Lore era revoltada como nunca antes visto por seus pais adotivos, era rebelde ao ponto de causar repulsa aos rapazes, já Laura vivia sendo cortejada por todos apesar de que nunca se envolveu com nenhum. Foi nessa mesma época que a filha que se tornava cada vez mais maligna começou a se interessar por magia negra, a outra sempre completamente oposta queria apenas aprender novas receitas culinárias e sobre flores.

Lore fugia durante a noite para se encontrar com um grupo de bruxas que lhe ensinaram tudo sobre bruxaria, seus pais que já eram senhores de idade já não tinham mais condições de ficar correndo atrás dela, Laura cuidava deles e apesar de conversar com a irmã ela não lhe dava ouvidos.

No aniversário de 21 anos das jovens Lore presenteou a irmã com um pequeno vidrinho que continha um líquido lilás, assim como todos sabiam que uma era o pleno bem e a outra o completo mal Laura também possuía seus receios com a irmã, agradeceu o presente e disse que iria guardar com muito carinho, no entanto sua irmã fez com que ela tomasse na marra.

Naquele momento Laura caiu no chão, em seguida Lore bebeu outra poção igual caindo também, elas urraram de dor por um tempo e seus pais correram para ver o que estava acontecendo, mas Lore começou a rir e a mãe perguntou o que foi que ela fez. A bruxinha decidiu contar que se tratava de uma magia da qual as tornava imortais, só que como toda magia tem um preço o a se pagar seria que elas jamais poderiam se envolver com amor verdadeiro ou este seria quebrado fazendo com que seus anos de vida voltassem a correr.

Laura questionou a irmã o que ela iria ganhar com isso, ela não hesitou em dizer que sabia do horror que os jovens tinham por ela, já que ela jamais encontraria o amor verdadeiro a irmã também não e contou também para a irmã da história real delas que descobrira num ritual.

A irmã não acreditou em uma palavra do que Lore disse, mas ela possuía de todos os argumentos necessários para convencê-la que era verdade, a mesma descobrira que o seu pai verdadeiro já falecido tinha sido um grande bruxo, último de sua linhagem sendo assim que ela herdara toda maldade e poder dele, assim como Laura herdou a bondade e carisma da freira que fora vossa mãe.

Apesar de convencida devido aos fatos Laura perguntou o que ela ganharia com a imortalidade e solidão, Lore disse que elas podiam se tornar as maiores bruxas de toda história e serem mais felizes que qualquer mero mortal, não precisaria de filhos, maridos ou qualquer outra baboseira dessas, mas claro que Laura se negou. Para provar seu poder e mostrar para a irmã que ser um humano comum não valia nada Lore conjugou um feitiço que matou o pobre senhor que foi o pai delas.

Com muito medo Laura implorou que a mãe fugisse com ela, antes mesmo que a senhora respondesse Lore tirou-a vida dela também, a irmã correu em direção à floresta só que logo foi encontrada e feita de prisioneira pela irmã. Lore estava decidida que já que a irmã não iria ajuda-la ela mesma iria criar uma criança para ser seu ajudante e junto dominarem o mundo, apesar de toda maldade presente em seu coração não fazia partes dos planos dela matar a irmã.
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