quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Fora do eixo


Ela anda apressada, desajeitada, buscando uma só razão para continuar.
Ela olha para trás para ver se o mundo ainda era igual ao seu, mas não o era, não mais.
Tudo mudou, a luz se apagou, quem foi não voltou, a festa acabou, e agora José?
As imagens se moviam, as frequências não eram mais compatíveis, a Terra estava fora do eixo, fora da órbita.
Já não queria mais.
Queria mudar-se, mas não podia, pois aqueles olhos a observavam pela fechadura a todo instante, obrigando-na a ater-se às correntes. Embora fosse teu fardo, nada podia ser feito senão colocar um sorriso nos lábios pálidos e afundar seu triste peso em tal profundidade que nem ela própria seria capaz de encontrar.