sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Cartas à Severina I


Bom dia, boa tarde ou boa noite. Por que não boa manhã?
Está uma bela noite lá fora, mas apenas observo pela janela. Queria deitar no verde molhado da grama e admirar a cor do céu, mas a vontade está mofando dentro da última gaveta. Culpada é a tempestade de ontem. Ou mesmo a tempestade de sentimentos que sobe e desce pela garganta, as ondas de ternura.
Lembro-me de quando me habitavas... A cada bolha tu afundavas cada vez mais.
Querida Severina, lembras-te de quando eu me afogava em teus cabelos? Às vezes, quando tomo chá, lembro quando eras parte de mim, antes de partir...
Por que partiste, Severina?
De vez em nunca sinto tua falta. Sinto lhe dizer, e ajoelho-me pedindo perdão às palavras para minha velha amiga, mas a onda de amor tem preenchido o vazio que tu deixaste quando partiste. Talvez fosse tua hora, e liberto: deixo-a partir. Mas, se não se importa, continuarei mandando notícias de tempos em tempos.
Com amor,
Tua velha amiga.