segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Désespoir Agreable


Daquele vento frio cortante, só me vinha à cabeça a imagem daqueles olhos perfurantes, corpos pulsantes, palavras saltitantes. E a minha mente reproduzia gritos tapas choros raiva angústia e eu só queria fechar as janelas mas era inútil porque eu abri cada uma delas depois e eu procurava alguém que nos tirasse daquela casa que era dele, ele gritava. Ele gritava, o outro gritava e quem queria gritar apenas chorava. E o vento continuava frio e as palavras faziam com que ela sangrasse e eu estava naquela mistura de desespero raiva medo e leite quente e eu queria subir as escadas e dar adeus ao meu velho porque o meu triste coração já sabia que talvez eu não pudesse vê-lo outra vez.
E pude, em um outro dia também frio. Mas por que não abrem a maldita porta, eu quis gritar, mas continuei caladinha. Ele veio de terno azul, mas os olhos cegos dele cegavam os meus, e as lágrimas escorriam sem parar.
Difícil, assim era é.