quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Cólera


Abriu os olhos, mesmo contra sua vontade.
Mais um dia.
Suspirou.
Vendo que as pálpebras teimosas cerravam-se por conta própria, resolveu levantar-se.
A cabeça pesava, e a pasta de dente caiu por entre seus dedos amassados.
Agarrou-se à pia amarela, cuja cor parecia ter sumido.
Respirou fundo, confusa e nervosa.
Tudo escurecia.
Debateu-se, tentando prestar atenção em algo, mas qualquer barulho a distraía.
Alguém havia apagado a luz.
Sentiria-se em paz se não estivesse presa em um leve desespero, um tanto agradável, um tanto dolorido.
Ao abrir os olhos novamente, vomitava sua cólera incessantemente, como se isso nunca fosse acabar.