sábado, 29 de agosto de 2015

Sonho n° 4 - Da ponte e do choque



Diante de mim, havia um breve precipício, que abrigava um lago cinzento e opaco, um píer de madeira e uma ponte feita de duas cobras gigantes entrelaçadas que ligava uma ponta do precipício à outra.
- Cuidado pra você não cair no lago. - Gustavo me disse - Os peixes de lá não são uma coisa bonita de se ver.
Minha mente prestou atenção no que ele disse, mas meu corpo pareceu não se importar.
Num impulso precipitado, tentei atravessar as cobras correndo, mas elas se mexeram e eu não soube ter equilíbrio sobre suas escamas escorregadias. Depois do segundo passo, eu cai desastrosamente no lago turvo. Tentei saltar rapidamente até a beira para que os peixes não me pegassem, mas sem sucesso.
No mesmo momento em que cai na água, já pude sentir centenas de peixes, que se assemelhavam a enguias, deslizando entre um e outro e ao mesmo tempo em minha pele também. Eu podia dizer que havia mais peixes que água naquele lago. Eles me proporcionavam uma sensação horrivel quando encostavam em mim, era como um choque. Meu corpo inteiro estremecia por dentro, como se meus órgãos estivessem vibrando e minha pele estivesse adormecendo. A cada toque horripilante que os peixes me davam, eles iam me jogando em direção à beira, como se eu me estivesse sendo arremessada como uma bola de basquete.
Eu finalmente fui jogada para fora do lago, no chão de pedregulhos e areia que antecedia a água, e por um tempo não fui capaz de me mexer. Meu corpo continuava tremendo por dentro, e eu parecia estar tendo uma leve convulsão. Meus músculos perderam toda a força.
Gustavo desceu para me ajudar. Quando ele me pegou pelo braço, eu já consegui me recompor. Ambos subimos novamente para o começo da ponte. Eu tentaria de novo, com mais cuidado. Afinal, precisava chegar do outro lado de qualquer jeito.