quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Vômito, doce.


Aqui estou, olhando para o céu cinzento, deixo a tristeza sair aos poucos. Num beco sem saída, é aí que estou. A tristeza me encurrala e me vejo coberta de pombos, bicando-me os olhos, deixando-me cega. Mas não os afasto; a dor alivia o nó que você apertou em minha garganta.
Você está ouvindo?
Eu simplesmente me perdi na mistura da ânsia, medo, falta de ar, olhos cegos e doces, doces que enfio goela abaixo para vomitar toda esta angústia dentro de mim.
Mas por que você tinha que proferir aquelas palavras, eu gritei chutando a parede, escorregando em meu vômito, doce.
Caída no chão, os pombos continuaram a bicar-me os olhos. Não senti vontade de levantar. Continuei ali, deitada, cega, respirando teu cheiro, ansiando a tua mão.