domingo, 16 de agosto de 2015

Sonho n°2 - Das cores e da liberdade



Depois que a minha vizinha faleceu, vários pássaros que pertenciam a ela ficaram na gaiola, pendurados na área de serviço dela. Permaneceram lá por muito tempo, presos, sozinhos.
Eu entrei na casa dela, e observei os pássaros. Os olhos deles encontravam os meus numa tristeza infinita.
Eu comentei algo sobre isso com o Sr Alfredo, viúvo dela. Ele olhou com comoção para mim.
- Pode soltá-los, se quiser. - ele disse.
- É sério? Todos eles?
- Sim.
Eu fui com muita alegria e com um sorriso no rosto até a área, que era pincelada com o colorido das penas dos pássaros, cada um diferente um do outro, com suas próprias cores, porém levemente opacos, como se estivessem perdendo a cor.
O primeiro que peguei tinha penas escuras na cabeça, e o resto do corpo era de um amarelo ameno e uma mistura de vários outros amarelos. Eu o retirei da gaiola com cuidado, o envolvi com as mãos e acariciei sua cabeça. Ele olhou para mim, despertando uma sensação em mim que fazia minha alma flutuar.
Abri minhas mãos, e o deixei livre para ir. Ele se impulsionou para cima e bateu suas asas para longe, com a força de viver completamente restaurada.
Soltei um por um em seguida, devolvendo-lhes a cor que estava sendo perdida. Eles voaram em direção ao infinito azul que nos cobre, livres.
Minha alma desejou profundamente poder ir com eles.