segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O anjo


Correu pela relva úmida para sentir-se liberta.
Ainda sentia um quê de saudade, tristeza, leite, doce e solidão.
Precisava correr.
As pregas do vestido saltavam delicadamente sobre o seu corpo. As belas pernas, um tanto finas, refletiam o verde do gramado. Os cabelos médios, um tanto bagunçados, moviam-se na velocidade cruel que o vento andava naquele crepúsculo.
Às vezes, ela parava, suspirava, e ajeitava os cabelos, vendo que todos aqueles passos eram em vão.
Pensou no anjo. Aquele anjo, o motivo da saudade. Tão perfeito, assim ele era. O anjo da voz aveludada, do toque suave, razão de seu sorriso. O anjo dos olhos brilhantes, do aroma doce.
A saudade congelava-lhe o coração, assim como o vento que ainda levava o perfume de seu anjo para longe.
E com a saudade, veio o desespero. A mão subiu ao pescoço, apertou-lhe a garganta.
O ar faltou.